10º Festival Kino Beat transforma o Clube do Comércio em uma celebração sonora
Kino Club será realizada no dia 22 de novembro, ocupando o prédio histórico localizado na Rua dos Andradas, 1085, em Porto Alegre.
No dia 22 de novembro, o 10º Festival Kino Beat realiza uma grande festa no Clube do Comércio, celebrando a diversidade da música e da cultura afro-diaspórica, em diálogo com as experimentações sonoras contemporâneas. Das 20h às 4h, o Kino Club reunirá uma série de shows, DJs e performances, transformando o espaço histórico no centro de Porto Alegre em um ambiente de escuta, dança e celebração coletiva.
O Palco Petrobras será dedicado às sonoridades que exploram a matriz africana, seus muitos ritmos, gêneros e possibilidades. O destaque da noite é o grupo KOKOKO!, da República Democrática do Congo, pioneiro da revolução sonora de Kinshasa. Desde 2017, o coletivo tem cativado plateias ao redor do mundo com suas performances explosivas e sua sonoridade singular, marcada por instrumentos construídos a partir de materiais reciclados.
KOKOKO! é um coletivo artístico multidisciplinar que reúne músicos e performers nas ruas de Kinshasa. Suas apresentações expressam, sem palavras, a crítica às desigualdades históricas e à exploração de um país rico em recursos naturais, como o coltan e o cobalto — materiais que alimentam a indústria tecnológica global. Em suas performances, o grupo transforma o caos urbano em potência estética e social, ecoando o espírito de resistência e colaboração que define a cena artística congolesa.
KOKOKO! já se apresentou em festivais como All Points East, SXSW, Green Man e Pitchfork Festival, com passagens pelo NPR Tiny Desk e Boiler Room, além de faixas incluídas nas trilhas de Grand Theft Auto e FIFA. Seu álbum de estreia, Fongola, foi aclamado pela crítica, com o DJ Mag descrevendo-o como “algo completamente novo” e o The Guardian chamando o grupo de “uma voz poderosa e inescapável”. Em 2024, lançaram o segundo disco, BUTU, pela Transgressive Records, cujo single “Mokili” — inspirado por influências do Kwaito e da música dance dos anos 1990 — celebra o impulso criativo e contestador que move o grupo.
Na mesma trilha, o espetáculo Tudo é ritmo!, criação do percussionista marfinense Loua Pacôm Oulai e do artista sonoro brasileiro Felipe Merker Castellani, propõe uma imersão nas concepções rítmicas africanas e afrodiaspóricas. A dupla toma como ponto de partida a noção de circularidade para compreender o tempo musical de forma cíclica, apresentando composições baseadas em claves afro-brasileiras — como as do jongo e do congo de ouro — e nas musicalidades das culturas Malinke e Akan, do oeste africano.
A pista do Palco Petrobras também recebe os DJs Omoloko e Kabulom, criadores da festa Mathosa, de Belo Horizonte, dedicada às sonoridades africanas e afro-diaspóricas. O set do duo transita por gêneros como Afro house, Gqom, Amapiano, Zouk, House e Kuduro, levando a energia das pistas do continente africano para o centro da cidade.
Completando o lineup, o DJ Tom Nudes — agente-corpo-objeto cultural natural de Porto Alegre — traz para a pista uma trajetória marcada pela articulação entre arte, política e identidade. Integrante dos coletivos Turmalina, Negração e Arruaça, Tom atua desde 2014 como produtor e agitador cultural. Amante declarado da House Music e suas vertentes, em seus sets conecta raízes negras e LGBTQI+, transitando por House, Disco, Funk, Soul, Pop, Funk brasileiro e ritmos latinos, sempre evocando corpo, afeto e resistência.
O evento terá um segundo espaço, o Salão Cristal, que oferecerá ao público uma escuta mais contemplativa e sensorial, em diálogo com a proposta do festival de ampliar fronteiras entre a música, a arte e a tecnologia. O espaço será voltado para artistas gaúchos, em apresentações solo ou em dupla, com foco em música experimental, fusões acústicas, poesia falada e ritmos introspectivos. Entre os destaques, está Raquel Krügel, artista sonora e produtora de música eletrônica abstrata que desde 2006 atua com captação, desenho e edição de som. Sua pesquisa une elementos imprevisíveis, gravações de campo e referências urbanas, criando composições que dão ritmo ao inesperado.
Raquel já integrou projetos como a Red Bull Music Academy e a Residência Artística da Red Bull Station, participou de festivais como Gop Tun (SP), Novas Frequências (RJ) e apresentou obras em espaços como o Museu Iberê Camargo, SESC Paulista e Planetário do Ibirapuera. Em sua trajetória, também desenvolveu trabalhos como sound designer de games e instalações interativas, além de pesquisas sobre poluição sonora em metrópoles. Sua obra reflete a escuta expandida e o experimentalismo que marcam o som contemporâneo.
Com entrada gratuita, o Kino Club marca os últimos dias de uma edição histórica do Festival Kino Beat, que consolidou-se como um dos mais importantes eventos brasileiros dedicados à arte, música e cultura digital.
O 10 Festival Kino Beat é viabilizado através da Lei Rouanet, apresentado pela Petrobras. O Festival conta com financiamento do Pró-Cultura RS - Secretaria de Estado da Cultura - Governo do Estado do RS e Realização Ministério da Cultura - Governo Federal - Do lado do povo brasileiro.
Jean Carlo Pires, por Dona Flor Comunicação

